segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Uma oportunidade perdida.


Autor: jornalista Luiz Paulo Horta


“Fala-se muito na nossa crise de valores. Isso parece levar a uma certa perplexidade. Há valores que a gente traz do berço, ou da mais tenra infância. Quem não carrega consigo essa herança afetiva tende a se enredar nas malhas da vida. O Brasil cresceu, como se sabe, no bojo de uma economia escravagista. Terminada a escravidão oficial, a herança que ela deixou era tão pesada que até hoje vergamos ao peso das desigualdades sociais. Não conseguimos chegar a um acordo sobre políticas públicas que realmente liquidem ou atenuem a desigualdade. (basta ver a discussão tão cega sobre assuntos de educação, onde a ênfase foi posta na universidade, quando devia estar no ensino fundamental).Eis que, de repente, surge um líder popular, de origem sindical, dotado de talento e capacidade de liderança. Ele se apresenta como alguém capaz de levar ao poder ideais considerados de esquerda sem trazer na mala o ranço ideológico que sempre mantinha, aqui, a esquerda afastada do centro do poder. Era a ponte entre o Brasil de baixo e o Brasil de cima a Revolução brasileira feita sem derramamento de sangue – e, não por acaso, brilharam os olhos de estrangeiros (sobretudo franceses) que gostam de trajetórias políticas inovadoras.O sonho pareceu tornar-se realidade num processo eleitoral que ninguém contestou. Mas eis que, de repente, instala-se a névoa sobre os palácios brasilianos e, aos poucos, emergem dessa névoa sinais inequívocos da degenerescência que se costuma associar ao exercício do poder. È esse eclipse de valores que hoje nos angustia. E às vezes é mais fácil sentir o que é um valor pela sua própria ausência.A verdade é um valor: falar às claras, agir de acordo com o que se pensa. Mas, agora, é o próprio núcleo do poder que toma acintosamente distância em relação à verdade que trata a verdade como objeto de barganha, de manipulação. E quando essa lição vem do centro do poder, não é de espantar que tudo o mais pareça tão fora do lugar.”

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.


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Autor: Mario Quintana

'A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são seis horas!
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Quando se vê, já é sexta-feira...

Quando se vê, já terminou o ano...

Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.

Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
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Agora é tarde demais para ser reprovado.

Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.

Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.

Desta forma, eu digo:

Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo, pois a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.'

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A verdadeira Carta aberta à Renato Aragão, sobre doação ao Criança Esperança, da jornalista Eliane Sinhasique.


Jornalista Eliane Sinhasique (*)
"Rio Branco, Ac – 23 de agosto de 2007

Querido Didi,

Há alguns meses você vem me escrevendo pedindo uma doação mensal para enfrentar alguns problemas que comprometem o presente e o futuro de muitas crianças brasileiras. Eu não respondi aos seus apelos (apesar de ter gostado do lápis e das etiquetas com meu nome para colar nas correspondências). Achei que as cartas não deveriam sem endereçadas à mim. Agora, novamente, você me escreve preocupado por eu não ter atendido as suas solicitações. Diante de sua insistência, me senti na obrigação de parar tudo e te escrever uma resposta.

Não foi por "algum" motivo que não fiz a doação em dinheiro solicitada por você. São vários os motivos que me levam a não participar de sua campanha altruísta (se eu quisesse poderia escrever umas dez páginas sobre esses motivos). Você diz, em sua última carta, que enquanto eu a estivesse lendo, uma criança estaria perdendo a chance de se desenvolver e aprender pela falta de investimentos em sua formação.

Didi, não tente me fazer sentir culpada. Essa jogada publicitária eu conheço muito bem. Esse tipo de texto apelativo pode funcionar com muitas pessoas mas, comigo não. Eu não sou ministra da educação, não ordeno as despesas das escolas e nem posso obrigar o filho do vizinho a freqüentar as salas de aula. A minha parte eu já venho fazendo desde os 11 anos quando comecei a trabalhar na roça para ajudar meus pais no sustento da família. Trabalhei muito e, te garanto, trabalho não mata ninguém. Estudei na escola da zona rural, fiz supletivo, estudei à distância e muito antes de ser jornalista e publicitária eu já era uma micro empresária. Didi, talvez você não tenha noção do quanto o Governo Federal tira do nosso suor para manter a saúde, a educação, a segurança e tudo o mais que o povo brasileiro precisa. Os impostos são muito altos! Sem falar dos impostos embutidos em cada alimento, em cada produto que preciso comprar para minha família.

Eu já pago pela educação duas vezes: pago pela educação na escola pública, através dos impostos, e na escola particular, mensalmente, porque a escola pública não atende com o ensino de qualidade que, acredito, meus dois filhos merecem. Não acho louvável recorrer à sociedade para resolver um problema que nem deveria existir pelo volume de dinheiro arrecadado em nome da educação e de tantos outros problemas sociais. O que está acontecendo, meu caro Didi, é que os administradores, dessa dinheirama toda, não tem a educação como prioridade. O dinheiro está saindo pelo ralo, estão jogando fora, ou aplicando muito mal. Para você ter uma idéia, na minha cidade, cada alimentação de um presidiário custa para os cofres públicos R$ 3,82 (três reais e oitenta e dois centavos) enquanto que a merenda de uma criança na escola pública custa R$ 0,20 (vinte centavos)! O governo precisa rever suas prioridades, você não concorda?

Você diz em sua carta que não dá para aceitar que um brasileiro se torne adulto sem compreender um texto simples ou conseguir fazer uma conta de matemática. Concordo com você. É por isso que sua carta não deveria ser endereçada à minha pessoa. Deveria se endereçada ao Presidente da República. Ele é "o cara". Ele tem a chave do cofre. Eu e mais milhares de pessoas só colocamos o dinheiro lá para que ele faça o que for necessário para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

No último parágrafo da sua carta, mais uma vez, você joga a responsabilidade para cima de mim dizendo que as crianças precisam da "minha" doação, que a "minha" doação faz toda a diferença. Lamento discordar de você Didi. Com o valor da doação mínima, de R$ 15,00, eu posso comprar 12 quilos de arroz para alimentar minha família por um mês ou posso comprar pão para o café da manhã por 10 dias.

Didi, você pode até me chamar de muquirana, não me importo, mas R$ 15,00 eu não vou doar. Minha doação mensal já é muito grande. Se você não sabe, eu faço doações mensais de 27,5% de tudo o que ganho e posso te garantir que essa grana, se ficasse comigo, seria muito melhor aplicada na qualidade de vida da minha família. Você sabia que para pagar os impostos eu tenho que dizer não para quase tudo que meus filhos querem ou precisam? Meu filho de 12 anos quer praticar tênis e eu não posso pagar as aulas que são caras demais para nosso padrão de vida. Você acha isso justo? Acredito que não. Você é um homem de bom senso e saberá entender os meus motivos para não colaborar com sua campanha pela educação brasileira.

Outra coisa Didi, mande uma carta para o Presidente pedindo para ele selecionar melhor os professores. Só escolher quem de fato tem vocação para o ensino. Melhorar os salários, desses profissionais, também funciona para que eles tomem gosto pela profissão e vistam, de fato, a camisa da educação. Peça para ele, também, fazer escolas de horário integral, escolas em que as crianças possam, além de ler, escrever e fazer contas, desenvolver dons artísticos, esportivos e habilidades profissionais. Dinheiro para isso tem sim! Diga para ele priorizar a educação e utilizar melhor os recursos.

Bem, você assina suas cartas com o pomposo título de Embaixador Especial do Unicef para Crianças Brasileiras e eu vou me despedindo assinando...
Eliane Sinhasique
Mantenedora Principal dos Dois Filhos que Pari
P.S.: Não me mande outra carta pedindo dinheiro. Se você mandar, serei obrigada a ser mal educada: vou rasgá-la antes de abrir"


quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Que país é este?


Autor: Nelson Vieira de Souza (*)

Aquela máxima: "dê o bastão ao cidadão e veja qual será a reação dele" (digamos, seu comportamento, sua postura), é válida. As reações são as mais diferentes, só se saberá o tipo, a partir do momento que o sujeito passa a ter a posse do "bastão".
Uma coisa é: eu sou..., faço isto e farei... E no frigir dos ovos, é o que estamos vivenciando. E, quando dizem em alto e bom tom, inclusive batendo no peito: "eu sou honesto". Como se honestidade fosse privilégio de alguns. Ser honesto parece ser algo estranho. Bem, se pararmos para pensar, os valores hoje, estão invertidos. É aquela estória, as aparências enganam.
Sei lá, tem hora que pensamos estar vivendo fora de época, nem muito adiantado, nem muito atrasado, mas fora do eixo de centro, apesar do avanço tecnológico. Gente! Todos temos idéia do que é certo ou errado. Por que dificultar quando a solução está no simples. E a todo instante, vê-se que ao invés de facilitar, procura-se criar empecilhos, praticamente em tudo. É verdade que não devamos confundir com conhecimentos necessários para o exercício de profissões, com responsabilidades, que requerem estudos, estágios (prática e habilidade).

Dependemos uns dos outros, seja rico ou pobre. Diríamos que o rico tenha mais dependência, devido possuir mais bens materiais, advindo daí mais preocupações. Respiramos o mesmo ar (ainda é possível), temos liberdade para ir e vir (ainda é possível). Cremos que paramos por ai, senão vejamos: para nascer (paga-se), para viver (paga-se) e ao morrer (paga-se), isto é, existe taxa para tudo em tudo. Até entendemos a existência de custos. Mas, tem muito custo no custo, na relação custo benefício. Não há quem agüente, vamos simplificar. Puxa, somos castigados desde o nascimento. Façam uma reflexão.
Num país como o nosso, de dimensões continentais é difícil governar. A prioridade no sul não é a mesma do norte. Entretanto, educação, saúde e segurança são necessidades basilares em qualquer região, apesar das diferenças regionais existentes. Daí ser de bom alvitre deixar a cargo de cada região, fazer estudos e planos no tocante a investimentos na educação, saúde e segurança, com base na realidade vivida pela população, observados limites e supervisão do governo federal. Governar é enfrentar desafios. Buscar soluções para o povo, com o povo, com os pés no chão. Chega de promessas vãs. O povo é tolerante, contudo não é bobo.

O Brasil é um pais novo, tem de "tudo", do melhor ao pior e vice-versa. Continua valendo o dito pelo Pero Vaz de Caminha: "...em se plantando tudo dá...". Daí por analogia cabe perguntar: por quê não investem na educação? Ora gente! Somos mais de cento e oitenta milhões de pessoas, imaginem a maioria possuindo educação e gradativamente todos. E, isto é plenamente possível, desde que levado a sério, acrescido das dádivas que a natureza brindou o país. Nossa! Ninguém iria segurar o Brasil, no bom sentido. Sonhar ainda é permitido.

É lógico que investir na educação, pensamos ser prioridade. Povo educado sabe dos seus direitos, e, em contrapartida de seus deveres. Povo educado sabe fazer cobranças e exigir melhorias, por certo, também sabe valorizar quem lhes dá oportunidades.
Os exemplos estão aí no mundo. Vejam o que aconteceu com a Irlanda, a Espanha entre outros países, que aplicaram ações pró-educação. Atualmente, inexistem analfabetos, tiveram desenvolvimento surpreendente. Tudo porque apostaram na educação. Será que podemos fazer o mesmo? E, também obter resultados positivos?

Às vezes parece até que manter o povo sem educação é o objetivo daqueles que dirigem o país (antes e hoje). Pois que seria mais fácil ter o povo subjugado, manipulado, etc. e tal.
A educação é o início, o meio e o fim. Como querem que o país cresça, se deixam de lado a educação. Não conseguimos entender. Um povo (país) educado tem mais chances de crescer, progredir, dar sustentação de bem estar (saúde) e segurança à população, com geração de empregos e ativação positiva nos campos sócio, cultural e econômico.

A educação é um dever do Estado, levá-la, complementá-la, onde for necessário, com garantias, condições e meios, seja nos charcos, caatingas, cerrados, litoral, selva, centros urbanos e periferias, sem politicagem é o que o povo almeja.

Com certeza, quando isso um dia vier acontecer, os brasileiros, ao verem o esforço do governo, sem fins políticos, farão as suas partes.
Nações estão de "olho em nós". Nas nossas reservas e potenciais naturais. Será que queremos ser dominados? Povo sem educação, sem cultura, sem civismo, é como presa de fácil domínio.

Vamos fazer valer as leis, acabar com a impunidade, os benefícios aos apaziguados, preso tem que trabalhar (e nem é preciso dizer o por quê). Temos os mesmos direitos e obrigações, assim está explícito na Carta Magna.
Respeitados os estudos quanto à realidade de cada região, urge a elaboração de um plano para educação que abranja todos os recantos do país, numa forma genérica, com a valorização dos mestres e estímulo ao aprendizado, enfocando o que há de melhor em cada localidade, com a participação da sociedade, sem assistencialismo. O povo não quer esmolas. Aliás, esmolas geram degradação. O povo quer viver condignamente. O povo está ávido por conhecimentos, que possam ensejar qualificação, com visão de recompensa no futuro.

Nada de querer reinventar a roda, é somente arregaçar as mangas e por as mãos à obra, sem cogitar de querer levar vantagens, como é uso e vezeiro, nos tempos atuais.
Vantagem sim, a de propiciar o alargamento dos horizontes do povo, e impulsionar o progresso no Brasil. Mas, antes brasileiros, urge diminuirmos a corrupção (essa praga mais que milenar, nasceu com o homem, em face disso, subsiste em qualquer parte do mundo em escalas maiores ou menores), diminuir sim, porque acabar é uma utopia.
Em diminuindo, através de ações rígidas, desencorajadoras de tentativas, tanto para o corruptor como para o corrompido, temos convicção que resultados animadores surgirão.
Nós somos capazes. "Temos o direito de querer o melhor".
Que pais é este, que permanece com os braços cruzados?